Jose_Mujica_poucas_palavras
O que seria impossível no Brasil, aconteceu no Uruguai. A liberação da maconha, projeto feito em 2012 pelo governo de Jose Mujica, foi finalmente aprovado pela Câmara dos Deputados, dependendo agora da aprovação do Senado, de maioria governista, para virar realidade.
O projeto prevê  que o próprio Estado assuma a produção, distribuição e venda da maconha, uma medida inédita em todo o mundo. Seria algo parecido com uma Maconhobrás aqui no Brasil.
Cada cidadão uruguaio maior de 18 anos pode portar até 40 gramas da erva, que pode ser plantada em casa ou em clubes específicos com não mais do que 45 afiliados. Também pode ser comprada em farmácias, desde que o consumidor faça um cadastro.
É, sem dúvida, um ato de muita coragem do Presidente Mujica, um político muito especial, cujo veículo de condução é um velho Fusca azul avaliado em cerca de mil dólares. Do seu salário de 12.500 dólares mensais, doa 90% para entidades filantrópicas, sob a alegação do que o restante, cerca de 2.500 reais, é o suficiente para bancar sua vida — e sua mulher, a senadora Lucía Topolansky, também faz o mesmo.
O que esse estilo de vida tem a ver com a liberação da maconha? Tudo e nada ao mesmo tempo. A intenção de Mujica não é fazer apologia do uso de drogas, como as mentes mais conservadoras podem interpretar. Ele quer acabar com o tráfico — porque, na verdade, os maiores interessados na proibição da maconha são os que ganham dinheiro com a comercialização clandestina.
Mas mais do que isso, Mujica inaugurou uma nova maneira de “ser presidente”, fazendo de si mesmo um exemplo da prática da cidadania e da busca por soluções simplificadas aos problemas do seu país. Liberar a maconha é simplificar a questão, reduzindo o problema do tráfico a zero.
Os mais conservadores alegam que o Uruguai vai se tornar uma verdadeira rave permanente, o que é um argumento muito débil — afinal, o álcool é legalizado e nem por isso os uruguaios andam bêbados pelas ruas, no trabalho ou em casa. Bom, pelo menos não todos.
Aliás, no mesmo dia em que ocorreu a aprovação da liberação da maconha, Mujica apresentou novo projeto à Câmara, em que submete as bebidas alcoólicas a regras de consumo parecidas com as que serão adotadas com a maconha.