ESCÂNDALO – MST e seus satélites divulgam carta contra a PF, que investiga roubalheira na área da agricultura familiar. Estão com medo de quê?
O Brasil está virando um lixão de corporações e feudos. Não há pedaço do governo
que não tenha sido loteado ou entre os dignitários daquilo a que o
petismo chamava antigamente “burguesia” (e que Lula chama hoje
“companheirada”) — empreiteiros, fornecedores, “mercados”, escolham aí —
ou entre os “representantes oficiais dos movimentos sociais e
sindicatos”, aquele enorme contingente que batizei há muitos anos de
“burguesia do capital alheio” — no mais das vezes, esse “capital” é
nosso mesmo, dos trouxas pagadores de impostos. NOTA À MARGEM: o MST é o
“latifundiário da terra alheia”.
No dia 24 do mês passado, publiquei neste blog um post sobre
Operação Agro-Fantasma, posta em prática pela Polícia Federal, que
investiga um esquema de desvio de recursos públicos do Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), repassados pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) a associações e cooperativas rurais como parte do
Programa Fome Zero. O texto informa ainda que “além dos mandados de
prisão preventiva, foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Justiça
Federal de Curitiba (PR) sete mandados de suspensão cautelar da função
pública, 37 mandados de busca e apreensão e 37 mandados de condução coercitiva em quinze municípios do Paraná, em Bauru (SP) e em Três Lagoas (MS).”
Muito bem! Dois dos investigados são os petistas Valomor Luiz Bordin e Silvio Porto — este último diretor de Política Agrícola
da Conab. Ele continua no cargo. Nesta quarta, para escândalo do bom
senso, mas sem que tenha surpreendido ninguém, o MST e mais 37 entidades
divulgaram uma nota indignada contra a… Polícia Federal! Isto mesmo:
esses patriotas se mostram bem pouco preocupados com o desvio de
dinheiro. Preferiram atacar o órgão que investiga as irregularidades.
Faz sentido? No lixão corporativista brasileiro, faz, sim! A agricultura familiar,
no Brasil, foi, digamos assim, privatizada pelo MST e seus satélites. O
movimento deve ter bons motivos para não querer que a investigação se
aprofunde. Leia a íntegra da nota. Volto em seguida.
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Carta Aberta ao Governo e à Sociedade Brasileira sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
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Carta Aberta ao Governo e à Sociedade Brasileira sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
O Brasil
tem realizado, nos últimos anos, avanços significativos na promoção da
segurança alimentar e nutricional (SAN) e na realização do direito
humano à alimentação, com a superação da situação de pobreza e miséria
de milhões de famílias e o fortalecimento da agricultura familiar.
O Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA) tem sido fundamental para a
concretização destes avanços. O programa, que envolve vários
ministérios, visa garantir a oferta de alimentos da agricultura familiar
para grupos sociais em situação de insegurança alimentar, fortalecendo a
agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais, e garantindo o
acesso a alimentos de qualidade para as pessoas mais pobres.
Graças ao
seu sucesso no Brasil, comprovado por muitos estudos independentes e por
muitos documentos de organizações beneficiárias, o PAA é reconhecido
internacionalmente, e é referência para diversos programas similares em
outros países, da América Latina e da África.
Atualmente
o programa adquire alimentos de mais de 185 mil agricultores
familiares, beneficiando 19.681 entidades recebedoras dos alimentos, com
a distribuição de 529 mil toneladas de alimentos por ano. O PAA já
beneficiou, ao longo dos seus 10 anos, 2.352 municípios em todos os
estados do Brasil.
A
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), através da Diretoria de
Política Agrícola e Informações, dirigida por Silvio Porto, tem cumprido
papel determinante na efetivação do programa.
Recentemente
a Polícia Federal deflagrou a operação denominada de “agrofantasma”,
que investiga supostas irregularidades e desvios de recursos no
programa. Tal operação chamou a atenção pelo aparato policial utilizado e
pela repercussão desproporcional do fato nos meios de comunicação.
Tal
operação resultou na detenção de 10 agricultores e do funcionário da
Conab no Paraná, Valmor Bordin, bem como no indiciamento policial do
Diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto.
Os movimentos sociais
e organizações da sociedade civil aqui representados repudiam os
procedimentos utilizados, bem como a forma distorcida e pouco clara que
as informações sobre a operação foram divulgadas por grande parte dos
meios de comunicação. Vale destacar que mesmo o processo correndo em
sigilo, alguns meios de comunicação contavam com informações
privilegiadas no dia da realização da operação policial.
Os
procedimentos da operação policial e sua divulgação contribuem para
criminalizar as organizações da agricultura familiar e deslocam a
atenção da sociedade da necessária apuração de irregularidades na
execução do programa para um tratamento meramente policial de um
programa fundamental para a realização do direito humano à alimentação. É
importante salientar que estes mesmos canais de comunicação divulgam
muito pouco ou quase nada os resultados positivos do programa em todas
as regiões do Brasil.
O PAA é
implementado há 10 anos, ao longo dos quais foram criados e aprimorados
mecanismos de gestão e controle social do programa. Sua execução é
acompanhada por centenas de conselhos municipais e estaduais de
segurança alimentar e nutricional, assistência social e desenvolvimento
rural.
A busca
pela transparência e pela responsabilidade no trato do recurso público
tem sido permanente nos espaços de gestão e acompanhamento do programa,
seja no seu Grupo Gestor, Comitê Consultivo, ou no Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Este
aprimoramento tem se orientado pela transparência e pela busca da
adequação de seus procedimentos à realidade da agricultura familiar e
povos e comunidades tradicionais, segmentos da população que, embora
responsáveis pela maior parte dos alimentos consumidos pela população
brasileira, foram historicamente excluídos das políticas agrícolas.
Defendemos
a apuração de toda e qualquer irregularidade, da mesma forma que
defendemos o amplo direito à defesa das pessoas que se encontram detidas
e indiciadas. Manifestamos nosso repúdio à forma como a ação policial
foi realizada, efetivando detenções de agricultores e funcionários da
Conab que vinham colaborando com as investigações.
Os
movimentos sociais e as organizações aqui representadas reafirmam a
relevância do Programa de Aquisição de Alimentos e exigem sua
continuidade e ampliação, nos marcos que vem sendo discutidos em suas
instâncias de gestão e controle social.
Reafirmamos
a importância da Conab como órgão executor do PAA e o nosso
reconhecimento e plena confiança no seu Diretor de Política Agrícola e
Informações, Silvio Porto, gestor público reconhecido pela sua ética e
retidão no exercício da função pública e dotado de uma história de vida
pública na área do abastecimento e segurança alimentar e nutricional que
lhe confere idoneidade e capacidade técnica e gerencial para a
implementação e gestão do PAA. Repudiamos as tentativas de “linchamento”
político dos gestores públicos da Conab e de lideranças de organizações
beneficiárias.
Assinam:
AARJ – Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro
ABRA – Associação Brasileira de Reforma Agrária
ACTIONAID Brasil
ANA – Articulação Nacional de Agroecologia
ANA – Amazônia
ANC – Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região
AOPA – Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia
APTA – Associação de Programas em Tecnologias Alternativas
ASA – Articulação Semiárido Brasileiro
AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia
ASSOCIAÇÃO AGROECOLÓGICA TIJUPÁ
CÁRITAS Brasileira
CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de MG
CENTRO ECOLÓGICO
CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas (Conaq)
CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadores na Agricultura
CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas
CPT – Comissão Pastoral da Terra
ECONATIVA – Cooperativa Regional de Produtores Ecologistas do Litoral Norte
do RS e Sul de SC
FASE – Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional
FBSSAN – Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil
FESANS-RS – Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul
FETRAF – Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar
Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná
FOSAN-ES – Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional do Espírito Santo
GESAN – Grupo de Estudos em Segurança Alimentar e Nutricional
IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
MCP – Movimento Camponês Popular
MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
PESACRE – Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre
Rede de Mulheres Negras pela Segurança Alimentar e Nutricional
REDE ECOVIDA DE AGROECOLOGIA
SASOP – Serviço de Assessoria às Organizações Populares Rurais
UNICAFES – União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária
VIA CAMPESINA
Retomo
É um texto asqueroso. Se leram, vocês perceberam, claro!, que “os meios de comunicação” são tratados como vilões. Por quê? Ora, porque cumpriram a sua obrigação e divulgaram a notícia. Quanto à operação policial, o MST e signatários não dizem o que há de errado com ela. Parece que o seu descontentamento é um só: investigar crimes cometidos pelos companheiros corresponde a “criminalizar os movimentos sociais”. Os condenados do mensalão, diga-se, também afirmam que a apuração daquelas irregularidades é uma tentativa de “criminalizar o PT”.
É um texto asqueroso. Se leram, vocês perceberam, claro!, que “os meios de comunicação” são tratados como vilões. Por quê? Ora, porque cumpriram a sua obrigação e divulgaram a notícia. Quanto à operação policial, o MST e signatários não dizem o que há de errado com ela. Parece que o seu descontentamento é um só: investigar crimes cometidos pelos companheiros corresponde a “criminalizar os movimentos sociais”. Os condenados do mensalão, diga-se, também afirmam que a apuração daquelas irregularidades é uma tentativa de “criminalizar o PT”.
Agora está
tudo entendido. Os “companheiros” são sempre inocentes, mesmo quando
são culpados. Seus adversários são sempre culpados, mesmo quando são
inocentes. Há muito tempo não lia um troço tão asqueroso.
O MST e seus satélites estão com medo de quê?
http://veja.abril.com.br
Um comentário:
Empoderamento dos Índios
Assine esta Petição em prol da criação da Secretaria Nacional dos Povos Indígenas.
Deixados de lado por mais de 500 anos, sofrendo injustiças, violências, opressões e uma série de outras brutalidades, os índios brasileiros foram, historicamente, tratados como cidadãos de segunda classe ou, no máximo, como indivíduos imaturos que precisavam de um Estado paternal para comandá-los.
Hoje, o cenário mudou. E num momento em que a sociedade civil brasileira se organiza para clamar por mais conquistas rumo à consolidação de um Estado verdadeiramente democrático, não há porque se esquecer de que os nossos índios também merecem um espaço político para organizar a sua própria luta, sem intermediários.
Sabemos que o Brasil já conseguiu institucionalizar um espaço de luta dos negros, das mulheres, dos agricultores familiares e de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Por que deixar de lados os índios ou relegá-los a um patamar secundário na luta pelo Estado de Direito?
Sabemos que você é sábio, porque reconheceu este direito que os índios também têm. Sem paternalismos ou comiseração. Esta é uma atitude digna de um verdadeiro cidadão: aquele que se reconhece no outro e tem a coragem cívica de continuar lutando por liberdade, igualdade e solidariedade.
É por isso que agradecemos a sua colaboração neste processo. Muito obrigado pela sua atenção e pela sua sensibilidade em reconhecer que a nossa causa é social e política. Já temos 1,139 assinaturas e vamos conseguir muito mais!
http://www.avaaz.org/po/petition/Secretaria_Nacional_dos_Povos_Indigenas/?fgsJs
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